SESSÃO PLENÁRIA DE ENCERRAMENTO. 11 de agosto

Instituto de Investigaciones Antropoloógicas (IIA), Auditorio Jaime Litvak King. 17.00 horas.

LINDA ROSA MANZANILLA NAIM

IIA-UNAM. México

A Dra. Linda Rosa Manzanilla é uma arqueóloga mexicana, investigadora sénior no Instituto de Investigação Antropológica da UNAM.

Atualmente é professora da Pós-graduação em Antropologia na UNAM e da Licenciatura em Antropologia na UNAM. Foi professora visitante da Tinker na Universidade de Stanford, Califórnia e lecionou mais de quarenta cursos e seminários diferentes em várias instituições incluindo: UNAM, ENAH, Colégio de México, Universidade Autónoma de Yucatán, Universidade Internacional de Andaluzia e a Pós-graduação em Antropologia na Universidade da Costa Rica.

É autora e/ou editora de 32 livros, 220 artigos e capítulos sobre temas relacionados com a emergência e transformações das primeiras sociedades urbanas na Mesoamérica, Mesopotâmia, Egipto e região andina, e tem dedicado várias décadas de investigação a Teotihuacan, como uma cidade excecional na Mesoamérica. O objetivo desta investigação é abordar a vida nas primeiras cidades e estados arcaicos, particularmente aqueles que não nos deixaram textos para compreender o seu funcionamento.

Tem um Doutoramento Honorário da Universidade Nacional de San Cristóbal de Huamanga (Ayacucho, Peru), e recebeu numerosas distinções e prémios, incluindo o Prémio da Academia de Investigação Científica, o Prémio Alfonso Caso do INAH para a melhor investigação em arqueologia, e o Prémio Presidencial da Sociedade Americana de Arqueologia.

É também membro do conselho editorial de várias revistas científicas.

Mais informações sobre a carreira académica do Dr. Manzanilla podem ser encontradas em:

https://aries.aibr.org/storage/antropologia/netesp/2023/MANZANILLA.pdf

A diversidade cultural no passado pré-hispânico.

O desafio de viver naprimeira cidade multi-étnica do centro do México: Teotihuacan.

Linda Rosa Manzanilla Naim

IIA-UNAM

A Mesoamérica é uma região particular entre as que testemunharam o surgimento do estado arcaico e de cidades imaculadas. É excepcional na medida em que o seu território foi habitado por múltiplos grupos etno-linguísticos diversos, cujos contactos e interacções criaram uma tradição comum. Outras regiões do mundo antigo têm manchas etno-linguísticas, mas não uma pletora de grupos diversos.

É neste contexto que surge a primeira grande cidade do México central: Teotihuacan, um gigantesco povoado urbano ortogonal de 20 km2, em cujo anel exterior se situavam os "barrios étnicos" de Veracruzanos (o "Barrio de los Comerciantes"), Oaxacans (o "Barrio Oaxaqueño") e um pequeno enclave de Michoacans. No entanto, no anel interior havia cerca de 22 barrios, vários dos quais parecem ser multi-étnicos. São as unidades sociais mais dinâmicas da sociedade de Teotihuacán. Estes barrios multi-étnicos têm um centro de coordenação administrado pela elite média, e são semi-autónomos: Tinham um mercado periódico (tianguis) num sector aberto anexo ao centro do bairro, a fim de trocar artesanato produzido na cidade por alimentos e matérias-primas obtidas pelos produtores; mas também organizavam caravanas ao longo de corredores de sítios aliados para obter matérias-primas e bens estrangeiros, bem como para atrair mão-de-obra estrangeira para trabalhar como artesãos ligados e dependentes de um determinado bairro.

Os barrios de Teotihuacan eram semi-autónomos e competiam uns com os outros; as suas elites médias eram enriquecidas pelos bens trazidos pelo sistema de caravanas. E este comportamento era contrário à austeridade da elite dominante de uma sociedade empresarial. Ambas as formas de organização criaram uma tensão no sistema Teotihuacán, uma tensão que acabou por levar à revolta dos barrios contra a elite dominante, causando a grande queima de todos os edifícios da Calzada de los Muertos em 570 d.C., ou seja, a destruição das arenas da elite dominante.